Uma Cultura Deformada

29, set, 2022 | Artigos | 1 Comentário

Este texto está na orelha do livro “O Sentido da Tradição“, de Tasso da Silveira, publicado pela Ed. Eleia. 

Por Diogo Fontana

A cultura brasileira está amputada; e cheia de enxertos estranhos. Tornou-se um monstro de Hyeronimus Bosch.

A culpa disso recai nas últimas gerações de intelectuais. Nunca um povo se viu assaltado por raça tão desprezível quanto a turba que ocupa os altos postos nas nossas instituições de cultura. Essa nuvem de gafanhotos devorou tudo, locupletou-se, e nos legou uma nação cujo patrimônio jaz em frangalhos. Foi essa gente que – ó símbolo!  – deixou o Museu Nacional arder em chamas.

A estratégia de ocupação de espaços inspirada em Gramsci e adotada pela esquerda depois de 64 aos poucos estreitou o panorama intelectual. Tudo que rescendesse à direitismo e parecesse “reacionário” foi atirado às traças. Soterraram gente talentosa, elevaram nulidades. O resultado foi uma versão falsificada da cultura brasileira, um cânone mesquinho onde faltam nomes fundamentais.

O meu conterrâneo Tasso da Silveira é um dos nomes inconvenientes condenados ao ostracismo. Os textos deste volume deixarão claro ao leitor que ele, além de talentoso escritor e crítico literário, era um intelectual atento aos desenvolvimentos do seu tempo, e sentia-se confortável para comentar as obras de um Chesterton, de um Soloviev, de um Mauriac, de um Berdiaev, de um Unamuno, de um Guénon.

Espero que esta recuperação da obra de Tasso da Silveira ofereça aos mais jovens um desenho mais preciso da cultura brasileira.

 

Inscreva-se em nosso canal no Telegram: https://t.me/editoradanubio

Siga-nos também no Instagram: https://www.instagram.com/danubioeditoraa/ 

 

Artigos recentes

“A literatura só não é terra devastada por causa dos meus amigos”, diz Tiago Amorim

Entrevistamos o escritor Tiago Amorim, que nos fala sobre seu mais novo livro de contos, “Verdades e Mentiras”. Tiago Amorim é mestre em Antropologia pelo ISCTE (Lisboa). Ele é autor de quatro livros, o primeiro deles uma coletânea de ensaios chamada “Abertura da Alma”, também publicada pela Editora Danúbio, em 2015. Casado, pai de dois filhos, Tiago vive em Curitiba, de onde nos concedeu a entrevista.

A Cartomante (conto)

Pedro Mendes passava agora os dias recluso em seu apartamento nos Jardins, desde que obtivera, por graça do ministro Ronaldo Azevedo, um habeas corpus. Não ia mais a restaurantes, nem ao clube; não podia manter contato com o sócio, nem ir à empreiteira; com o passaporte retido, não podia deixar o país. Tinha as contas bancárias bloqueadas e usava uma tornozeleira eletrônica. O empreiteiro engordara a ponto de nenhuma camisa abarcar mais a rubra papada.

Filhos do Tempo (conto)

Contrastava com essa nobreza, na aparência e nos trajes, os convidados da homenageada, que, oprimidos pela chiqueza do lugar e pela pompa da audiência, aprumaram-se nas cadeiras medalhão, na fileira de honra, e simularam com os olhos e a pose uma atenção reverencial.

Categorias

Detalhes do autor

Diogo Fontana

Nasceu em Curitiba em 1980. É autor dos livros “A Exemplar Família de Itamar Halbmann” (2018) e “Se Houvesse um Homem Justo na Cidade” (2022). 

Já escreveu artigos para o jornal Gazeta do Povo e para os sites Brasil Sem Medo, Mídia Sem Máscara, Senso Incomum e Estudos Nacionais.

Mora em Santa Catarina com a esposa Gabriela e o filho Constantino.