Um Outro Inferno

20, jun, 2022 | Artigos | 0 Comentários

Este texto foi publicado na orelha da edição impressa do romance Se Houvesse um Homem Justo na Cidade, de Diogo Fontana.

 

Por Elton Mesquita

Thomas Hobbes disse que “O Inferno é a verdade conhecida quando é tarde demais”. Neste Se Houvesse Um Homem Justo na Cidade, Diogo Fontana nos apresenta uma outra possibilidade de Inferno, que é quando se conhece a verdade cedo demais e não conseguimos comunicá-la.
 
Nesse sentido, a solidão do Inferno é a terrível solidão de Cassandra, uma experiência conhecida por tantos de nós que, compartilhando língua e vocabulário, nos encontramos mudos, incapazes de nos fazer entender para aqueles que nos são mais caros. É a impotência que experimentamos nos pesadelos, como é de pesadelo a atmosfera que nos sufoca durante a leitura, num crescendo que vai das pequenas humilhações diárias até o puro horror.
 
Coerente com o dom e a maldição de Cassandra, Se Houvesse Um Homem Justo na Cidade é menos profecia que recordação; e se não pode pretender ser um aviso, serve como dilacerante elegia de um povo. O livro nos faz lembrar de todas as cidades e impérios que ignoraram a verdade e conheceram a hora do Julgamento, e é um tônico amargo, mas necessário, para os que vivem em Sodoma e ainda não desistiram de transformá-la em Nínive.

 

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Detalhes do autor

Alexandre Soares Silva

Elton Mesquita

Elton Mesquita, nascido em Chapadinha, no Maranhão, é escritor, tradutor e roteirista. Em 2019, publicou seu primeiro livro: Não tenhais medo: como salvar sua próxima ceia de Natal, o Brasil e talvez até sua alma.

Traduziu para o português autores como James Joyce, Alice Munro, Stephen King, Agatha Christie e G.K. Chesterton. Aos 43 anos, iniciou com Hesperio Garra de Aguilhão a sua carreira de ficcionista.