Um Outro Inferno

20, jun, 2022 | Artigos | 0 Comentários

Este texto foi publicado na orelha da edição impressa do romance Se Houvesse um Homem Justo na Cidade, de Diogo Fontana.

 

Por Elton Mesquita

Thomas Hobbes disse que “O Inferno é a verdade conhecida quando é tarde demais”. Neste , Diogo Fontana nos apresenta uma outra possibilidade de Inferno, que é quando se conhece a verdade cedo demais e não conseguimos comunicá-la.
 
Nesse sentido, a solidão do Inferno é a terrível solidão de Cassandra, uma experiência conhecida por tantos de nós que, compartilhando língua e vocabulário, nos encontramos mudos, incapazes de nos fazer entender para aqueles que nos são mais caros. É a impotência que experimentamos nos pesadelos, como é de pesadelo a atmosfera que nos sufoca durante a leitura, num crescendo que vai das pequenas humilhações diárias até o puro horror.
 
Coerente com o dom e a maldição de Cassandra, é menos profecia que recordação; e se não pode pretender ser um aviso, serve como dilacerante elegia de um povo. O livro nos faz lembrar de todas as cidades e impérios que ignoraram a verdade e conheceram a hora do Julgamento, e é um tônico amargo, mas necessário, para os que vivem em Sodoma e ainda não desistiram de transformá-la em Nínive.

 

Compre o novo livro de Diogo Fontana em nossa livraria:

Inscreva-se em nosso canal do Telegram: https://t.me/editoradanubio 

Artigos recentes

Viva a Morte da Literatura!

O professor Olavo confiou em Gurgel para, nas palavras de Machado, promover os estímulos, guiar os estreantes, corrigir os talentos feitos. Gurgel traiu a confiança do professor Olavo, abandonou de todo a crítica literária, não foi capaz de perceber a existência de vocações verdadeiras e talentos genuínos ao seu redor precisando de estímulo, guiamento, correção – muitos desses, os próprios alunos do professor Olavo.

Caixa de Bombons (conto)

Conto de Samuel Freitas — “Fica difícil chegar às Olimpíadas e ganhar a medalha de ouro se não tenho como manter meu treinamento aqui em casa. Falta-me bolinhas brancas, uma grande mesa verde, um penico prateado. Tentei por outra coisa no lugar, mas não me deixam ou não dá lá muito certo. As bolinhas de outras cores que tirei da betoneira do caminhãozinho não pulam como deveriam”.

Cineastas Assinam Manifesto Contra a Cultura Woke

Artistas lançam manifesto contra a cultura woke e pela liberdade das artes. Grupo afirma que o povo nunca esteve tão distante das artes e que a cultura brasileira vive seu ápice de censura.

Categorias

Detalhes do autor

Alexandre Soares Silva

Elton Mesquita

Elton Mesquita, nascido em Chapadinha, no Maranhão, é escritor, tradutor e roteirista. Em 2019, publicou seu primeiro livro: Não tenhais medo: como salvar sua próxima ceia de Natal, o Brasil e talvez até sua alma.

Traduziu para o português autores como James Joyce, Alice Munro, Stephen King, Agatha Christie e G.K. Chesterton. Aos 43 anos, iniciou com Hesperio Garra de Aguilhão a sua carreira de ficcionista.