Ode ao passado da cidade
Por Diogo Fontana
A pequena concentração de lojas
as miúdas moradias
ao lado do rio, nos pontos mais altos,
das enchentes erguidas
ao abrigo, tanto das sazonais
quanto das repentinas.
Havia lá por certo as igrejas,
duas, e os cemitérios,
dois, o católico, o luterano.
Havia a umidade
mortífera e o calor hediondo;
e havia a vastidão.
Vejo o olhar abatido e distante
de uma pessoa inerte
cuja fisionomia tão austera
vegeta num terraço.
Vejo uma insanável monotonia,
e alemães trabalhando.
Entretanto, viçava a natureza,
oposta e colorida,
numa eclosão gloriosa e triunfal.
Mas sem nenhum poeta,
ninguém para cantar essa beleza:
olhos rudes, braçais.
Timbó: o vale vaporoso e fértil,
as colinas, as matas,
a profusão de palmito e bananais,
as casinhas enxaimel,
os alpendres, as roças de mandioca.
No fluxo barrento do rio Benedito,
na artéria de lama,
mana uma melancolia marrom.
Ó remota solidão!
Ó abatimento sombrio, ó não-vida!
Cadeira de balanço.
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Detalhes do autor
Diogo Fontana
Nasceu em Curitiba em 1980. É autor dos livros “A Exemplar Família de Itamar Halbmann” e “Se Houvesse um Homem Justo na Cidade”.
Já contribuiu com artigos para o jornal Gazeta do Povo e para os sites Mídia Sem Máscara, Senso Incomum, Estudos Nacionais e Brasil sem Medo.
Mora em Santa Catarina, com a esposa Gabriela e o filho Constantino.