Um diplomata da atualidade
NA OBRA, considerável por mais de um título, do Sr. Oliveira Lima, há um livro intitulado Coisas Diplomáticas, composto de vários artigos relativos ao assunto assim indicado e publicado primeiro na imprensa periódica, de 1903 a 1907.
Na variedade dos temas e dos motivos esses artigos conservam, todavia, uma completa unidade. Esta resulta menos do fato de tratarem todos de assuntos concernentes à diplomacia, que do argumento fundamental e constante, desenvolvido através das trezentas páginas do volume. O argumento não é outro senão este: – para corresponder às necessidades atuais, a diplomacia moderna não pode se assemelhar à diplomacia clássica –, das intrigas políticas, dos gabinetes secretos, da habilidade e da astúcia maquiavélicas, das atitudes e rigidezes protocolares disfarçadas ou arrebicadas de elegâncias mundanas e de bazófias cortesanescas. Menos ainda quando se trata da diplomacia de uma democracia, sem tradições capazes de trazer obstáculo à desenvoltura natural de sua juventude, e que, além disso, sendo quase inteiramente desconhecida, experimenta uma imperiosa necessidade de se fazer conhecer e estimar. Bem ao contrário, a diplomacia dessas nações e mesmo a das nações antigas e célebres, deve ser em nossos dias um agente vivo, de aspecto múltiplo e variado, do progresso de seus interesses de todo o gênero, um agente que corresponda a qualquer oportunidade triunfante dos entraves da rotina. A asserção pode ser facilmente corroborada por exemplos ilustres, e o Sr. Oliveira Lima dá muitas provas disso em seu livro.
O progresso de nossa época, favorecido pela mais vasta publicidade e, ao mesmo tempo, pela comodidade e rapidez das comunicações, anulou com efeito o antigo método diplomático, exatamente no que constituía seu emprego: as relações políticas entre os povos, por meio de delegados junto aos governos respectivos. Essas relações se estabelecem agora de governo a governo, de chancelaria a chancelaria, e o papel dos ministros diplomatas ficaria reduzido hoje ao de simples mensageiros se, de conformidade com as condições da nova era, não se abrissem para eles novos domínios. Agentes comerciais com a categoria de cônsules, quando a oportunidade econômica os reclamar; agentes intelectuais, quando o interesse da cultura nacional os requerer; – agentes da honra e do crédito do país, quando o renome da civilização os exigir; – agentes industriais, quando a indústria nacional solicitar seus serviços; tais serão, necessariamente, os diplomatas de amanhã, a despeito da presunção hierárquica ligada à “carreira”, e sob pena de se tornarem nulidades revestidas de soberbos uniformes.
Creio que a expondo assim, não traio a idéia essencial do livro Coisas Diplomáticas. Honestamente, como homem de coração que é, o Sr. Oliveira Lima diplomata esforçou-se por se harmonizar sempre com o Sr. Oliveira Lima publicista. E o volume atual – para o qual escrevo bem inutilmente este prefácio, que não pude recusar às solicitações de um amigo – vale para nós por um novo testemunho da superioridade com a qual ele soube realizar seu nobre ideal.
Mesmo antes de escrever Coisas Diplomáticas, cujas páginas encerram um programa completo de reforma diplomática, apoiando-se em razões e demonstrações sólidas e práticas, o Sr. Oliveira Lima havia já começado a realizar a diplomacia que preconiza, a qual tem por si, mais que as melhores razões, a própria força das coisas.
É que o autor não entrou para a diplomacia como um jovem bacharel qualquer, seduzido pelos ouropéis e galanterias da carreira, ávido de correr o mundo, de representar o dândi longe da pátria e à custa desta, e não se sentiu nunca arrastado pelo atrativo de outras puerilidades sublimes desse gênero. Tais não foram absolutamente os motivos que determinaram sua vocação. Apenas entrou para as funções, revelou seu caráter grave e seu tempera[1]mento estudioso. Na jovem diplomacia republicana em que estreou, em 1890, aos vinte e três anos, e em que se distinguiu logo, foi, se não me engano, o primeiro a ocupar-se durante os longos lazeres que deixa, a acreditar nos maldizentes, o serviço de nossas legações, e a entregar-se a outros exercícios além dos consignados no ritual diplomático mundano. Dessa discordância em relação à sua casta é resultado o livro no qual, pode-se dizer, ele achou o segredo de tornar interessante a história local de uma antiga província brasileira: Pernambuco e seu desenvolvimento histórico (Berlim, 1895). Esta obra, inda que assinalada dos sinais inevitáveis de um primeiro livro de juventude, é, em seu gênero, um modelo pelo qual o autor não tinha, em nosso país pelo menos, nenhum exemplo a imitar.
Havendo recebido sua educação longe de sua terra natal, e desde sua juventude ausente da pátria, o Sr. Oliveira Lima pôde fortificar livremente seu nacionalismo e seu patriotismo – para nos servir da distinção que ele próprio estabeleceu – e pôde entregar-se desde então ao estudo de um e de outro, de sua história no passado e no presente, de suas instituições, de sua literatura, dando com isso prova de muita inteligência e ao mesmo tempo de um amor profundo e sincero. Desse apego às coisas da pátria deviam resultar, além da obra já citada, mais: Sete Anos de República no Brasil (Paris, 1896), refutação e esclarecimento da opinião pública européia me[1]nos simpática às nossas novas instituições: – Aspecto da Literatura Colonial Brasileira (Leipzig, 1896); Memória sobre a Descoberta do Brasil e Negociações Diplomáticas a que deu lugar (1900); – O Reconhecimento do Império (1901); – Relação dos Manuscritos interessando o Brasil existentes no Museu Britânico de Londres (1893); – Elogio Acadêmico de F. A. Varnhagen (1903); – trabalhos, mais ou menos, de grande extensão, livros e brochuras, todos revelando, entretanto, a mesma vocação do historiador de sua pátria e a mesma afeição inspirada constantemente por esta. Na lista desses livros convém incluir: – Nos Estados Unidos (1899) e No Japão (1903), assim como a obra de ficção teatral, onde o autor se mostra, aliás, mais historiador que artista, O Secretário do Rei (Paris, 1900).
Em duas obras, que ele compôs durante sua residência, como diplomata, nesses dois últimos e interessantes países, o único pensamento de servir ao seu, fica sempre evidente, porque é ao Brasil a que se referem, quando é oportuno, suas observações e suas reflexões.
À mesma preocupação se apega também sua peça de teatro, cujo principal personagem representa um dos mais insignes brasileiros dos tempos coloniais, Alexandre de Gusmão.
II
Esses livros e os que ele publicou depois garantem ao Sr. Oliveira Lima um lugar pouco comum na literatura brasileira contemporânea, senão por uma correção perfeita da forma – com que o autor não se preocupa bastante, e deploro ter de consigná-lo – ao menos pelas qualidades de saber e de pensamento. O autor não é talvez um estilista, mas é um escritor. Há sempre, em tudo que expõe uma idéia de que nos quer persuadir – sinal mais elevado pelo qual se conhece um escritor – e devemos confessar que o consegue. Sua concepção do ofício das letras é, se não me engano, que este com[1]porta encargos e responsabilidades perante a cultura e a civilização, de que as mesmas letras devem ser os graves servos e não o frívolo ornamento. É por isso que o Sr. Oliveira Lima levou a cabo, desde o início da carreira diplomática (1890-1904) a obra que ora vemos, pondo em prática sua própria máxima, que consiste em servir seu país além das tarefas obrigatórias da profissão; foi assim que estudou e divulgou nossa história tão mal conhecida, que rebuscou apaixonadamente os arquivos, nos instruiu no exemplo dos grandes países, que nos era interessante conhecer melhor, e das questões que se debatiam no exterior e a que não podíamos ficar indiferentes; foi assim que defendeu o Brasil contra toda suposição injusta e errônea, contribuindo desse modo para o bom juízo que se poderia dele ter, e esclarecendo os estrangeiros a respeito de nossos esforços no caminho da cultura e da civilização.
Sendo dado seu espírito e seu caráter, o Sr. Oliveira Lima não poderia ficar tantos anos na carreira, nela ocupar cargos e exercer missões tão diversas, sem se apoderar de todos os aspectos desses cargos e missões, dos alcances e atribuições ou finalidades, sem conhecer deles as falhas e todos os erros. Não sendo um homem feito para conformar-se com tudo, não sendo nem um intrigante nem um neutro, devia-se esperar que tornasse público o resultado de suas investigações, tanto mais quanto não se tratava de nenhum segredo diplomático, mas unicamente de fatos de observação pessoal. O que sobretudo o honra é não ter publicado seu livro pelo prazer de mal[1]dizer da “carreira”, mas unicamente para dar um testemunho da necessidade de melhorá-la e de torná-la mais proveitosa ao país. O Sr. Oliveira Lima não é um contemplativo da antiga diplomacia; não lhe nega absolutamente os méritos e os serviços que prestou. Ao contrário, conhece-os, reconhece-os e proclama-os mesmo em muitas das passagens de seu estudo, assim como no perfil bem traçado de alguns de nossos diplomatas mais estimados, tais como o Barão de Carvalho Borges, o Barão do Penedo, Sousa Correia, Visconde de Cabo Frio, seus primeiros mestres ou antigos chefes. Apenas lhe parece, a ele, espírito menos rotineiro e dos mais apercebidos contra as miragens profissionais, que, se tudo no mundo está sujeito à evolução, a diplomacia não pode ficar estacionária e são necessários, às situações novas, métodos novos.
Foi a coragem patriótica de denunciar uma situação anormal, por ser incoerente, dado o momento atual, com a nossa vida pública, que lhe inspirou a coleção de Coisas Diplomáticas e outro volume, aparecido no mesmo ano e de assunto análogo: – Pan-Americanismo (1908). É certamente um sinal de superioridade de alma esse desapego do suposto espírito de corporação, esse desprezo pelas vulgares camaradagens de classe. Só os medíocres e os interesseiros se agarram, na expectativa egoística de proventos pessoais, aos manipanços da grei. O Sr. Oliveira Lima preferiu honrosamente servir seu país e elevar a própria classe, desafiando-lhe os preconceitos e se esforçando por indicar os meios de reformá-la, a fim de salvá-la da crítica de inutilidade dispendiosa, com que a oprimem – com alguma razão – quase todos os brasileiros.
Juntando o exemplo à palavra, o Sr. Oliveira Lima levou a cabo a bela obra de fecunda diplomacia desse último período de sua carreira, e não cessou de dedicar-se a ela desde seu regresso à Europa como ministro plenipotenciário.
Na Bélgica, onde é acreditado nesta qualidade, e onde alcançou rapidamente uma alta reputação, na Suécia, onde exerce as mesmas funções junto ao governo, em Viena, em Paris e em outras capitais, soube se fazer reconhecer, segundo a feliz expressão do grande sueco Bjorkman, como embaixador-intelectual do Brasil. Em conferências, por meio de artigos em jornais e revistas, por meio de livros e brochuras numerosas, em Congressos, em Universidades e Câmaras de Comércio, sua ação inteligente, esclarecida e, ao mesmo tempo, cheia de ardor e de tato, se exerceu incansavelmente em favor e em proveito do Brasil. Desapercebida de todo concurso oficial de seu país, mas se apoiando em primeiro lugar na doce colaboração de sua esposa, tão inteligente e dedicada quanto modesta e discreta, em seguida, consciente de estar fazendo o bem e ter a aprovação dos compatriotas, a obra do Sr. Oliveira Lima, de grande e eficaz diplomacia, nos tem sido da maior vantagem.
À reputação de país, ainda meio colonial, de uma bela natureza selvagem e de imensas riquezas inexploradas, de primeiro produtor de café e borracha, o Sr. Oliveira Lima juntou – sem desprezar nada dos aspectos econômicos, que sabe proclamar e fazer sobressair quando é oportuno – as qualificações de país, onde crescem e desabrocham a cultura européia e a civilização ocidental. Num Congresso científico, em Viena, conseguiu se aceitasse nossa obscura e desdenhada língua portuguesa como um dos idiomas oficiais da reunião, o que não se houvera visto antes. Nessa mesma cidade, num Congresso de música clássica, conseguiu se ouvissem, a par das de Haydn e Mozart, as composições de nosso Pe. José Maurício, ressuscitado pelo generoso esforço do sempre lembrado e deplorado Visconde de Taunay.
Levou a intelectualidade francesa a celebrar na Sorbonne – isto é, no centro tido como o fórum intelectual da Europa – a intelectualidade brasileira por meio de uma solenidade à memória de Machado de Assis. Fez que se reconhecesse na Bélgica a necessidade de se criarem cadeiras da língua portuguesa no país, e terá a satisfação de presidir, em outubro próximo, a inauguração de uma dessas cadeiras, instituída na Universidade de Liège. Fez que fosse apreciada, na mais divulgada talvez das revistas francesas, a obra literária do Brasil contemporâneo. Atraiu a atenção dos capitalistas europeus para as riquezas do nosso país, da mesma maneira que despertou o interesse das classes cultivadas da Europa pelas manifestações de nossa civilização. Favoreceu o acréscimo de nossas relações comerciais ao encorajar a criação de Câmaras de Comércio, destinadas a desenvolver nossas trocas no estrangeiro.
Desse laborioso período datam, além de suas duas obras relativas a assuntos diplomáticos, A Língua Portuguesa e a Literatura Brasileira, Machado de Assis e sua Obra Literária, A conquista do Brasil, publicadas em francês, e ainda conferências, discursos, artigos, pronunciados, uns, em reuniões de sociedades, de congressos, de academias, escritos, outros, em jornais e revistas, tudo animado do mesmo sentimento de elevado e corajoso patriotismo – sobretudo corajoso – e do desejo de servir ao país, aumentando em favor deste a consideração do estrangeiro.
O “amor da pátria, não movido de prêmio vil” (Camões, Lusíadas) o Sr. Oliveira Lima tem sabido sentir e proclamar – e nenhum elogio maior se poderia, penso, fazer-lhe – sem nenhum desses reclamos gritantes nem dessas exibições que merecem, muitas vezes, se designem de “enfatuação”, epíteto sempre prestes a atingir, não sem motivos, quase tudo que é latino-americano. Bem longe disso, a dignidade de conduta e a discrição de sua propaganda revelam sempre o gentil-homem no diplomata que louva a pátria.
Desse período data também o livro capital da obra do Sr. Oliveira Lima: Dom João VI no Brasil. É mais que monografia do príncipe que presidiu a organização do Brasil e preparou sua independência apressando-lhe os destinos. É a história geral do país, econômica, política, social, literária, durante toda a época que vem de 1808 até 1821. Ficará como um dos melhores trabalhos e mais perfeitos, escrito sobre nossa cultura histórica desses últimos tempos.
III
Em 15 de março último, no anfiteatro Turgot, da Faculdade de Letras da Sorbonne, o Sr. Oliveira Lima inaugurava a série de suas conferências – ou de seu curso, como se expressou oficialmente a alta administração da Universidade de Paris – sobre a Formação Histórica da Nacionalidade Brasileira. Ao apresentar o conferencista ao numeroso e escolhido auditório, que viera ouvi-lo, o Sr. Alfred Croiset, grande helenista e historiador, decano da Faculdade, fez notar que o Sr. Oliveira Lima era o primeiro diplomata estrangeiro que ocupava uma cadeira no célebre instituto da ciência e das letras francesas.
Oferecer uma síntese de nossa evolução histórica a um público que a ignorava inteiramente, era tarefa já difícil, o mais difícil; porém, era tornar essa síntese interessante para estrangeiros. Sem evitar de todo as prolixidades, a que essa ignorância, prevista, mas desculpável, fatalmente o obrigava, o Sr. Oliveira Lima venceu valorosamente a primeira dificuldade. Tratou de vencer habilmente a segunda, talvez maior, que era introduzir em suas lições todo o pitoresco que a parte narrativa comportasse, especialmente a respeitante à nacionalidade de seus ouvintes, estendendo-se na parte que os franceses tomaram nessa história. O ponto importante, para uma série de conferências desse gênero, não era, todavia, de modo nenhum, dar a conhecer, mesmo na generalidade, a história de um país distante e desconhecido, como o nosso. Não se poderia, em nenhum caso, esperar tanto. O que mais importava, era interessar o auditório, durante o espaço de algumas semanas, deixando-lhe uma idéia, mesmo vaga, da evolução do país. Segundo informações de origem francesa, e não se querendo aceitar senão essas, o objetivo foi plenamente alcançado pelo Sr. Oliveira Lima. Não só para o Brasil, mas também para a América do Sul, aquelas conferências tiveram imediatamente um efeito útil, pois foi apresentado ao Conselho Municipal de Paris um projeto tendente a criar na Sorbonne uma cadeira de história e geografia das repúblicas latinas desta parte da América, projeto manifestamente inspirado pelas conferências do Sr. Oliveira Lima.
Ainda mais significativo do interesse despertado pelas ditas conferências – se isso pode valer mais – foi o convite que o Sr. Oliveira Lima recebeu, primeiro da Universidade de Leland Stanford, da Califórnia, para ali lecionar quer a história do Brasil, quer a da América do Sul, e, em seguida, de um grupo de universidades americanas para empreender, em várias faculdades, uma série de conferências sobre esses temas. O Brasil, e em particular a intelectualidade brasileira, não poderiam receber uma homenagem maior dos representantes da alta cultura norte-americana.
O interesse que as conferências do Sr. Oliveira Lima provocaram na Sorbonne, este livro, em que as reuniu, servirá não apenas para justificá-lo inteiramente, como também contribuirá para fortificá-lo e mantê-lo. Os franceses – e os europeus familiarizados com a língua francesa – encontrarão neste livro, em grossos traços é verdade, mas firmes e nítidos, a narração exata dos acontecimentos de uma nação americana, que se atém à honra de não deixar perder-se ou periclitar entre suas gentes a herança de civilização européia; de uma nação cuja existência não tem sido, aliás, inteiramente desprovida de glória, seja mesmo a glória provinda do ardor com que se tem empenhado por manter e aumentar essa herança.
Aproveitando utilmente – conforme o declara, com lealdade, em cada página de suas lições – o melhor da erudição brasileira, a que ele próprio pertence, o Sr. Oliveira Lima pôde instruir seus ouvintes dos últimos resultados a que chegou nossa historiografia. Utilizando copiosa e sabiamente as narrações de numerosos viajantes estrangeiros, que nos têm visitado e estudado desde nossos começos, substituiu judiciosamente as opiniões e impressões nacionais, talvez suspeitas, pelos julgamentos e testemunhos isentos de todo o preconceito patriótico, os quais assim merecerão, esperemo-lo, melhor acolhida e maior crédito da parte do público estrangeiro. Demais, a literatura brasileira de ficção lhe serviu para notar ou provar certos traços de nossos costumes ou de nosso caráter nacional, que lhe permitiram completar, como tão engenhosamente tentou nas páginas deste livro, a fisionomia particular de nosso país e de nossa gente. Achar-se-á aqui, sem reticências nem deslizes da verdade, o juízo esclarecido do historiador, aliado ao afetuoso sentimento do patriota.
Este livro é, com efeito, a obra de um diplomata atual e também distinto homem de letras, que sabe exercer com honra as obrigações regulamentares e os deveres protocolares, e põe em realce o exercício do cargo, quando, com um fervor inteligente e exemplar, recomenda sua nação à estima de todos.
Rio de Janeiro, 27 de junho de 1911.
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Detalhes do autor
José Veríssimo
José Veríssimo Dias de Matos (Óbidos, 8 de abril de 1857 — Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1916) foi um escritor, educador, jornalista e estudioso da literatura brasileira, membro e principal idealizador da Academia Brasileira de Letras.