O teatro da opinião pública

23, ago, 2021 | Artigos | 1 Comentário

 
Por Cristian Derosa
 
 

Opinião pública, como já expliquei inúmeras vezes, não é um lugar real. É um palco abstrato construído por uma “aristocracia”, e montado com o dinheiro dos que dominam o debate.

Mas opinião pública também é um ente normativo, um “dever ser”, uma expectativa. É como um palco em que se desenrola o espetáculo da vida social. Um espetáculo que gosta de se dizer popular e de cortejar o público. Contudo, quando uma conversa da plateia começa a chamar mais a atenção do que o diálogo dos atores, algo precisa ser feito. Porque se nada for feito, o palco muda de lugar, passando a constituir-se do centro do debate paralelo da plateia. O palco, portanto, é um lugar abstrato. Mas mais do que isso: é um lugar arbitrário, definido por alguém por motivos bem específicos.

Na democracia, porém, os atores precisam persuadir o público de que o monólogo reflete o sentimento mais profundo da própria platéia, que as palavras ditas no palco estão, na verdade, saindo do coração dos espectadores. Eis aí o grande ilusionismo da democracia.

O problema ocorre quando os atores já não têm credibilidade alguma e o teatro de espelhos se torna um circo do ridículo, percebido apenas pela plateia, que assiste os atores se rasgarem em interpretações cada vez mais exageradas e histriônicas, com mil trejeitos e tentativas de enganar, que já não funcionam como antes. Essa é a nossa situação: os diretores do espetáculo não se dão por vencidos e teimam em não encerrar a peça. Assim o público se divide entre aqueles que desejam continuar vivendo a fantasia do entretenimento e aqueles que resolveram aceitar o próprio protagonismo e querem dar um basta na encenação e tomar o palco dominado pelos embusteiros.

 
Entrevista de Cristian Derosa em nosso canal do Youtube: https://youtu.be/SwJSAJI9jYQ
 
Inscreva-se em nosso canal no Telegram: https://t.me/editoradanubio

Artigos recentes

Viva a Morte da Literatura!

O professor Olavo confiou em Gurgel para, nas palavras de Machado, promover os estímulos, guiar os estreantes, corrigir os talentos feitos. Gurgel traiu a confiança do professor Olavo, abandonou de todo a crítica literária, não foi capaz de perceber a existência de vocações verdadeiras e talentos genuínos ao seu redor precisando de estímulo, guiamento, correção – muitos desses, os próprios alunos do professor Olavo.

Caixa de Bombons (conto)

Conto de Samuel Freitas — “Fica difícil chegar às Olimpíadas e ganhar a medalha de ouro se não tenho como manter meu treinamento aqui em casa. Falta-me bolinhas brancas, uma grande mesa verde, um penico prateado. Tentei por outra coisa no lugar, mas não me deixam ou não dá lá muito certo. As bolinhas de outras cores que tirei da betoneira do caminhãozinho não pulam como deveriam”.

Cineastas Assinam Manifesto Contra a Cultura Woke

Artistas lançam manifesto contra a cultura woke e pela liberdade das artes. Grupo afirma que o povo nunca esteve tão distante das artes e que a cultura brasileira vive seu ápice de censura.

Categorias

As Mentiras em que Acreditamos

Detalhes do autor

Cristian Derosa

Mestre em jornalismo pela UFSC e autor dos livros: “A transformação social: como a mídia de massa se tornou uma máquina de propaganda”(2016), “Fake News: quando os jornais fingem fazer jornalismo”(2019) e Fanáticos por poder: esquerda, globalistas, China e as reais ameaças além da pandemia (2020). Editor e colunista do site Estudos Nacionais e aluno do Seminário de Filosofia de Olavo de Carvalho.