Cineastas Assinam Manifesto Contra a Cultura Woke

21, out, 2024 | Artigos | 7 Comentários

Grupo afirma que o povo nunca esteve tão distante das artes e que a cultura brasileira vive seu ápice de censura

Liderado pelos cineastas Newton Cannito e Josias Teófilo, um grupo de artistas lançou o manifesto “Pela liberdade de criação artística”. Por meio de um texto que será lançado em diversas plataformas digitais, o grupo se diz insatisfeito com o atual momento das artes brasileiras, o que reflete nas políticas públicas para o setor de Cultura.

O termo “woke”, que indica um “despertar” para questões como o racismo estrutural, foi criado pelos movimentos progressistas. E, de acordo com o grupo, tem se tornado hegemônico na cultura brasileira.

Newton Cannito, por exemplo, afirmou em entrevistas recentes que já é impossível no Brasil de hoje aprovar obras cristãs em editais de cinema: “Os jurados são representantes da classe. E a classe artística, dominada pelos valores da ideologia woke, tem muito preconceito com valores cristãos”. Cannito, que recentemente assinou o roteiro do filme de Silvio Santos, diz ainda que teve obras censuradas. Previsto para estrear nos cinemas ainda esse ano, o documentário Utopia Brasil, que propõe uma análise da cultura brasileira, está há mais de cinco anos pronto, mas foi cancelado pelo canal patrocinador e impedido de ser exibido. “Fui boicotado e acusado de ser de direita”, afirma Cannito.

O documento assinado por diversos artistas afirma que a arte brasileira nunca sofreu tanta censura. “A arte brasileira nunca esteve tão controlada. Censurada. O que hoje chega ao resto da sociedade, essa chatice de lacração e de linguagem neutra, já DOMINA a arte brasileira há 15 anos. Isso afastou a arte e a cultura brasileira do seu povo”, afirma a carta assinada.

De acordo com Josias Teófilo, o manifesto inicia uma série de ações do grupo. Uma delas é a representação política. Os organizadores afirmam que pretendem fazer reuniões com candidatos a prefeitos em diferentes cidades brasileiras, em busca de representatividade. “É possível fazer uma política pública voltada para a diversidade de pensamento na produção cultural”, diz Teófilo.

Leia o manifesto na íntegra

Manifesto pela Liberdade de Criação Artística

Enquanto nos Estados Unidos e no resto do mundo a ideologia woke está em decadência, no Brasil ela reina soberana. Como dizia o Millôr Fernandes: “Quando uma ideologia fica bem velhinha, vem morar no Brasil”.

Temos visto no nosso país uma escalada do autoritarismo, que se expressa na censura, nos cancelamentos, perseguição a artistas e intelectuais que não pensam de acordo com a cartilha vigente, o identitarismo woke. Politicamente correto, cancelamentos, lacração, ataques à liberdade de expressão, tudo isso faz parte do radicalismo próprio ao identitarismo.

Ministério da Cultura, Ancine, editais estaduais e municipais, lei Paulo Gustavo etc, todos usam abertamente critérios da ideologia woke. Conceitos importados como apropriação cultural e linguagem neutra orientam os debates e o fomento da arte brasileira há mais de uma década. Como diz Antonio Risério, até a língua portuguesa foi instrumentalizada por essa ideologia.

Além disso, existe o preconceito contra pessoas religiosas em geral, e especificamente contra os cristãos. É praticamente impossível aprovar um filme cristão num edital audiovisual, por exemplo. Uma das principais vítimas da censura é o humor, tem sido cada vez mais difícil fazer uma comédia popular. Humoristas são cancelados diariamente sob aplausos da base woke.

Tem sido comum também fazer tábua rasa do passado, em vez de ser tratado com a devida complexidade, existe um ódio muito grande ao passado e aos personagens que fizeram o nosso país e a cultura brasileira.

A arte brasileira está sob censura. O que hoje chega ao resto da sociedade, essa chatice de lacração e de linguagem neutra, já domina a arte brasileira há mais de uma década. Isso afastou a arte e a cultura brasileira do seu público. Nunca o cinema, a televisão e o teatro brasileiro estiveram tão afastados do gosto popular. Por um motivo simples: as obras seguem fielmente uma estética importada.

Nós, artistas livres, lutamos pela diversidade estética e pela liberdade de expressão e de criação.

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