Magia e destruição

26, jan, 2022 | Artigos | 0 Comentários

Este artigo faz parte do livro “As mentiras em que acreditamos”, publicado em agosto de 2021. 

Por Jeffrey Nyquist

Aquele que não tem sementes demoníacas dentro de si nunca dará à luz um novo mundo.

— DR. ERNST SCHERTEL

 

Essa foi uma anotação encontrada na cópia de Adolf Hitler do livro de Schertel, Magia: História, Teoria, Prática. Parece que Hitler não tinha problemas com “sementes demoníacas”. E ele queria “dar à luz um novo mundo” — assim como Karl Marx e Vladimir Lenin.

Hitler anotou outra passagem de Schertel, que remete ao cinismo do líder nazista. A vontade do mago em relação ao seu “demônio”, diz Schertel, cria um poder que “é completamente deixado a seu [do mago] critério”. A anotação de Hitler continua:

O ‘povo’ que ele pode reunir em torno de si… representa uma ampliação de sua esfera-do-eu. Mas já aconteceu de um mago abandonar, despedaçar ou castigar o seu próprio povo, no caso de este não mais parecer reativo.

Lembre das, por assim dizer, imagens de Berlim e de outras cidades alemãs de maio de 1945. Vê-se uma infinita paisagem lunar de prédios bombardeados. Esse foi para a Alemanha o custo de ampliar a esfera-do-eu do mago.

No final das contas, as sementes demoníacas de Hitler eram potentes, germinando em uma guerra mundial, acompanhada pela perseguição, encarceramento e morte de milhões de inocentes. Da mesma forma, pode-se dizer que as sementes demoníacas de Lenin também germinaram na matança e no encarceramento de milhões por Stalin — que se juntou a Hitler para invadir a Polônia em agosto de 1939. Foi isso que desencadeou a Segunda Guerra Mundial.

O presidente Vladimir Putin está agora tentando negar a responsabilidade de Moscou pela invasão da Polônia, justificando a agressão de Stalin em termos humanitários. Segundo Putin, o Ocidente é o culpado por Hitler. A política de apaziguamento de Neville Chamberlain, disse Putin, foi a verdadeira causa da guerra. Quanto à inocência da Polônia, Putin chamou o ministro das Relações Exteriores da Polônia, coronel Józef Beck, de “um porco anti-semita”.

Eis mais uma pitada de sementes demoníacas para criar um “novo mundo”. Pois esse é o sonho mágico que Putin compartilha com Stalin e Hitler. Aqui, novamente, o mago não tem nenhuma preocupação real com seu próprio povo. Ele é um revolucionário que busca derrubar a ordem existente.

Há uma citação sobre revolucionários que Eric Voegelin abonava, de um livro intitulado Os demônios, de Heimito von Doderer. Aqui Doderer diz que um revolucionário é “alguém que quer mudar a situação geral por causa da impossibilidade de sua própria posição…” Doderer também declarava: “Uma pessoa que era incapaz de aturar a si mesma torna-se um revolucionário, então são os outros que têm de aturá-la.”

Em certo sentido, escreveu Doderer, o revolucionário abandona a “tarefa extremamente concreta de sua própria vida”. Surge então a necessidade de falsificar o passado. A partir disso, diz Voegelin, segue-se a necessidade de todos os revolucionários de sistematicamente falsificar a história. Se a sociedade sucumbir a essa falsificação, logo a própria sociedade “perpetua a mais alta traição” imaginável. E há um corolário dessa traição. A falsa realidade assim estabelecida não pode aceitar ninguém que fale a verdade sobre o passado ou o presente. Essas pessoas são então rotuladas de traidores.

No livro de Schertel sobre magia, Hitler sublinhou uma passagem que nega a existência da verdade objetiva. Ele chama o “mundo objetivo” de “ilusionismo da fantasia”. A idéia por trás da magia é “mudar o mundo de acordo com a nossa vontade”. Então, pode-se “criar realidade onde nenhuma realidade existe”.

E essa realidade? — uma ruína fumegante onde antes existia uma cidade.

 

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Detalhes do autor

Autor Aldo Maria Valli

Jeffrey Nyquist

Jeffrey Nyquist é um analista político americano e pesquisador independente, especialista em estratégias de subversão comunista e armas de destruição em massa. Já publicou milhares de artigos em importantes sites ao longo das últimas duas décadas. Mantém o blog pessoal www.jrnyquist.blog. É autor dos livros Origins of the Fourth World War e O Tolo e Seu Inimigo.