
Eis o meu canto da degradação (poema)
Por Diogo Fontana
Eis o meu canto da degradação,
Canto sem voz de um desenganado,
Brasileiro de gosto desterrado
Nos livres territórios da ficção.
Catatonicamente vagabundo,
Caminho acanalhado pelas ruas,
Entre buracos e calçadas nuas
Das cidades mais bárbaras do mundo.
Ouço o funk das cloacas de som
Da camionete que vem e que passa
Levando traficantes no bem-bom.
Mas basta! O fígado rompe a mordaça;
Deserto este epicúreo jardim —
Estilhaço o silêncio de marfim.
Detalhes do autor

Diogo Fontana
Natural de Curitiba, nasceu em 1980. Escritor e editor literário. Fundador da Editora Danúbio.
É autor dos livros “A Exemplar Família de Itamar Halbmann” (2018) e “Se Houvesse um Homem Justo na Cidade” (2022).
Já contribuiu com artigos para o jornal Gazeta do Povo e para veículos de mídia independente.
Mora em Santa Catarina, com a esposa Gabriela e o filho Constantino.
Sua opinião exposta no seu escrito é um bálsamo para pessoas como nós, que já fomos a sociedade, mas que agora somos uma raridade… pessoas em extinção. Grata a Deus por sua vida, e pela clareza da sua mente. Que se espalhe, como um vírus do bem.
Sempre certeiro! O silêncio de marfim deve ser quebrado entre nós!
Belo poema, traz a imagem de um estrangeiro em sua própria terra.