Na visão racionalista, a sabedoria histórica é freqüentemente vista com desprezo e o passado como um obstáculo a ser superado. O ideal racionalista é o ideal de uma mente desprendida, independente, que se auto-sustenta e se autofundamenta na razão, não precisando do amparo dos costumes, herança cultural e tradição.
Tenho a infelicidade de pertencer à raça humana e de ser prendado de uma fronte sublime que deve fixar continuamente os astros. Falta-me o faro e há muita coisa difícil de engolir.
Nós, modernos, preferimos acreditar que o passado era inteiramente primitivo, que o progresso foi gradual e “evolutivo”. Preferimos acreditar que não houve Era Dourada, nem gigantes ou heróis, nem dilúvio, nem mundo antediluviano.
Depois de quarenta minutos, porém, algo de novo pareceu acontecer, uma insinuação, um detalhe, uma disputa, que elevou o tom de voz, e despertou do torpor um segurança, a taquígrafa e o cameraman da TV Justiça.
Ao chegar à entrada do Theatro Municipal, acomodou-se na escadaria, observando o movimento na Praça Floriano. Começou a ensaiar um adágio apalpando a dedeira em movimentos suaves, pincelando a clavícula com o queixo.
Opinião pública, como já expliquei inúmeras vezes, não é um lugar real. É um palco abstrato construído por uma “aristocracia”, e montado com o dinheiro dos que dominam o debate.
Não podemos deixar de ressaltar que foram as elites americanas que criaram o dragão chinês; e foram oligarcas ocidentais que fomentaram a Revolução Bolchevique e a expansão do comunismo. O espírito materialista burguês favoreceu o surgimento de doutrinas revolucionárias antitradicionais.
Anteviu o corpo enrijecido, o sangue abrindo caminho na pele chamuscada. Controlou-se, entretanto. Como aquele sujeito subira em tão pouco tempo? Ele, Cigarrão, cria do Pavão-Pavãozinho, jamais fora beneficiado. Mas o que poderia fazer?
Era uma espécie de puritano seco, atrelado a certezas, meticuloso e auscultatório. Exteriormente, ele tinha, ao mesmo tempo, algo de idiota e de avaliador de sucursal de casa de penhores em um bairro pobre.
Aos 55 anos, Quatro-Ventas já furara muito bucho de cabra metido a pirracento, que o desafiava a trocar sopapos no salão de dona Filomena Tavares ou na bodega de seu Josias Albuquerque.
Sou cristão e católico e basta. Nem tradicionalista, nem progressista, liberal ou conservador. Católico sem porrete na mão e sem catolicômetro. Vir catholicus, no sentido franciscano de universalidade, plenitude, totalidade e integralidade, Para além dos opostos e dos antagonismos humanos e meramente humanos.
Olhando-a de frente, como se esperasse por alguma coisa, constatou: não era a mesma de uma semana atrás; havia naqueles grandes olhos castanhos um quê de fatalidade, de renúncia, de incerteza.
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