O professor Rodrigo Gurgel, que, assinalo, sempre me tratou com máxima cordialidade e inclusive me concedeu, gentilmente, as aulas de um dos seus cursos – o que muito agradeço –, o professor, continuo, tem feito algumas afirmações no mínimo estranhas.
E é inegável que as redes sociais atrapalham nossa vida de escritores. No plano pessoal, são um fator de dispersão, seja por nosso desejo de consumir conteúdo — e isso rouba nosso tempo —, seja porque propicia que amigos e familiares tenham acesso a nós a qualquer instante — e isso rouba nossa concentração.
Hoje já não saberia mensurar os efeitos imunizantes da obra de Mário Ferreira dos Santos sobre mim, como uma criança que ignora todas as situações em que a vacina contra a meningite a livrou das conseqüências catastróficas da enfermidade. A vacina lhe garante a proteção sobre as situações conhecidas e ignoradas, como quando brinca no parque ou na escola com uma outra criancinha que não sabia doente.
Quem já empunhou uma enxada sabe que há mais poder curativo no capinar de um pedregoso roçado do que em qualquer confortável divã à meia luz. Encalecer as mãos traz suavidade à alma.
Experimenta varrer uma calçada em silêncio no alvorecer, como os sábios de outrora, e verás.
Conto inédito do escritor Douglas Lobo. Silas acordou debaixo de grasnidos. Soergueu-se na cama e, uma vez desperto, atinou com o que ocorrera: as maritacas haviam feito um ninho no telhado.
Um garoto bochechudo vestido de marinheiro aparece no pátio de uma vila humilde, de paredes descascadas. Ele pigarreia e exibe um objeto. Um objeto que pode ser uma bola, um churro, uma raquete de ping-pong, um patinete, enfim, qualquer coisa…
O gaúcho do guamirim, bem na ponta do guamirim, na última folhinha da copa, viviva solito con sus recuerdos, con sus recuerdos ele só. Mateava pela manhã, sentado na beira do fogo, na beira do fogo sonhava e dedilhava uma milonga junto à brasa do fogão…
De Algés circulando em direcção a Belém, foi em tempos possível observar, do lado esquerdo, um conjunto de instalações decrépitas que perfizeram outrora a Universidade Moderna. Ligada que fora, por sua vez, a uma Obediência maçónica, de que, aliás, resultara ao tempo um escândalo que a Comunicação Social tornara amplamente conhecido…
Diogo Fontana, sem ser venezuelano, soube descrever perfeitamente, em seu segundo romance “Se Houvesse um Homem Justo na Cidade” (2022), os grandes traços da tragédia venezuelana. Escreveu muito provavelmente o melhor documento literário sobre a crise do país vizinho. Pode assemelhar um paradoxo que um estrangeiro escreva melhor sobre um país do que os autores desta própria nação, mas isso faz total sentido e possui várias explicações.
A morte de Rolando Boldrin representa um acontecimento decisivo para o Brasil.
Não só porque morreu uma personagem cultural importante, mas porque representa uma passagem decisiva do Brasil para a modernidade desde a perspectiva cultural.
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