Após sofrer o impacto das sucessivas crises econômicas do seu país, um professor venezuelano se vê reduzido à miséria e obrigado a dormir num abrigo de refugiados enquanto sobrevive das esmolas que ganha nas ruas de Boa Vista, capital de Roraima. Assaltado por ressentimentos e pela amargura, este homem de meia-idade tenta recompor o fio da meada da sua trajetória de vida e assim compreender como foi possível mergulhar em tamanho naufrágio pessoal.
“Thomas Hobbes disse que "O Inferno é a verdade conhecida quando é tarde demais". Neste Se Houvesse Um Homem Justo na Cidade, Diogo Fontana nos apresenta uma outra possibilidade de Inferno, que é quando se conhece a verdade cedo demais e não conseguimos comunicá-la.
Nesse sentido, a solidão do Inferno é a terrível solidão de Cassandra, uma experiência conhecida por tantos de nós que, compartilhando língua e vocabulário, nos encontramos mudos, incapazes de nos fazer entender para aqueles que nos são mais caros. É a impotência que experimentamos nos pesadelos, como é de pesadelo a atmosfera que nos sufoca durante a leitura, num crescendo que vai das pequenas humilhações diárias até o puro horror.
Coerente com o dom e a maldição de Cassandra, Se Houvesse Um Homem Justo na Cidade é menos profecia que recordação; e se não pode pretender ser um aviso, serve como dilacerante elegia de um povo. O livro nos faz lembrar de todas as cidades e impérios que ignoraram a verdade e conheceram a hora do Julgamento, e é um tônico amargo, mas necessário, para os que vivem em Sodoma e ainda não desistiram de transformá-la em Nínive.”
— Elton Mesquita
Diogo Fontana
Diogo Fontana nasceu em Curitiba no dia 15/11/1980. É romancista, tradutor, livreiro e editor. Colaborou com diversos jornais e sites independentes. Mora em Santa Catarina com a esposa Gabriela e o filho Constantino.