A Arte de Traduzir de Latim para Português, Reduzida a Princípios foi o primeiro manual de tradução em língua portuguesa. Para esta edição, atualizou-se a ortografia e acrescentaram-se notas explicativas para orientar o leitor.
O livro foi publicado originalmente em Lisboa, na Impressão Régia, no ano de 1818; sabe-se que foi reimpresso ao menos uma vez, em Bombaim (1838). A obra se baseia em L’Art de traduire le latin en français, réduit en principes, à l’usage des jeunes gens qui étudient cette langue, par un ancien professeur d’éloquence, de 1762, do francês Louis Philipon de La Madelaine (1734-1818).
“Constatou-se nos últimos anos um reflorescimento do estudo do latim. Em muitos círculos, o latim é recebido com entusiasmo, e dos muitos que o estudam, não poucos têm se tornado proficientes na língua. Desses, por sua vez, grande número tem achado na tradução de autores latinos um modo de aproveitar sua habilidade. É neles que pensamos com resgatar do esquecimento a presente obra. O latim não é português. Há muitas armadilhas em que pode cair o tradutor do latim, e que podem tornar a tradução ininteligível ou intragável. Muito se fala em evitar o anglicismo, e com razão; fale-se também em evitar o latinismo.
Mas a Arte de Traduzir não é um livro apenas para latinistas. Ao estudar os princípios apresentados neste livro, o tradutor do inglês e do espanhol, assim como o do chinês e do venusiano, tem a oportunidade de refletir sobre o seu trabalho e entender a evolução da sua atividade. Esperamos que a leitura seja tão proveitosa para você quanto a preparação deste volume foi para nós.”
— Francisco Araújo da Costa e Veríssimo Anagnostopoulos (organizadores)
Fr. José da Encarnação Guedes
No frontispício da primeira edição, lê-se que o livro é “Offerecido ao Illustrissimo Senhor D. Francisco de Sales e Lencastre, por Sebastião José Guedes e Albuquerque”.
Sebastião José Guedes e Albuquerque (1800-?) foi um cirurgião português. Enquanto estudante de cirurgia no Hospital de São José, teria publicado a Arte de Traduzir e uma Gramática Portuguesa.
Ninguém acredita que um estudante de medicina de 18 anos escreveu este ou qualquer outro dos livros que levam o seu nome. O verdadeiro autor foi seu tio, o Fr. José da Encarnação Guedes, franciscano da congregação da terceira Ordem.