Uma Nova Idade Média
No último ensaio, ainda, o autor analisa três formas de governo — o socialismo, a democracia e a teocracia — encontrando em cada uma dessas formas o germe do forma de governo precedente, isto sendo como que uma linha mestra que vai das teocracias nacionais até o advento da revolução russa de 1917.
Há no livro um apêndice, “O espírito burguês”, ensaio escrito posteriormente que pretende delimitar o que é o espírito burguês, que o autor define como “um estado espiritual, uma orientação da alma para uma certa direção, um gênero peculiar de auto-consciência”.
“O humanismo não fortaleceu, debilitou o homem — tal é o término paradoxal da história moderna. Através de sua auto-afirmação, o homem perdeu-se ao invés de se encontrar.”
Nos quatro ensaios que compõem o livro, Berdiaev busca encontrar a ligação entre o fim do Renascimento e a debacle geral da humanidade nos séculos posteriores; identifica esse processo com o surgimento duma nova “Idade Média”, caracterizada por uma volta ao sobrenatural, às aspirações coletivas, uma volta à religiosidade, mas à religiosidade do Anti-Cristo. Vê ainda o socialismo como coroamento da história moderna e como conseqüência direta do liberalismo do século XIX e assevera: “à Rússia será dado um papel todo especial; ela dará nascimento ao Anticristo”.
No último ensaio, ainda, o autor analisa três formas de governo — o socialismo, a democracia e a teocracia — encontrando em cada uma dessas formas o germe do forma de governo precedente, isto sendo como que uma linha mestra que vai das teocracias nacionais até o advento da revolução russa de 1917.
Há ainda no livro um apêndice, “O espírito burguês”, ensaio escrito posteriormente que pretende delimitar o que é o espírito burguês, que o autor define como “um estado espiritual, uma orientação da alma para uma certa direção, um gênero peculiar de auto-consciência”.

Nikolai Berdiaev
Entre os filósofos russos do século XX, Nikolai Berdiaev é o mais conhecido no Ocidente. Nasceu em Kiev em 1874 numa família nobre; milita em sua primeira juventude na social-democracia revolucionária, é preso e passa alguns anos em prisão domiciliar. Rapidamente, porém, abandona o marxismo e torna-se, nos primeiros anos do novo século, um dos protagonistas da chamada “reação idealista” contra o socialismo e o positivismo da intelligentsia russa. Antes da tomada do poder pelos bolcheviques, elabora uma “filosofia cristã da liberdade”, com forte caráter aristocrata, o que o colocou em conflito com a Igreja Ortodoxa.
Seu assunto filosófico o colocou em contato com alguns dos movimentos mais importantes do pensamento europeu do entre guerras:
Existencialismo cristão, que tinha em Paris, na revista “Esprit, um dos principais centros de elaboração do movimento; tendo colaborado com uma forte crítica à concepção liberal-democrática da sociedade, que ele via como o fim da civilização burguesa.
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